13 junho 2011

Autopsicografia

O poeta é um fingidor
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.

E os que lêem o que escreve
Na dor lida sentem bem
Não as duas que ele teve
Mas as que eles não têm.

E assim, nas calhas da roda
Gira, a entreter a razão
Esse comboio de corda
Que se chama coração...


(Fernando Pessoa -  13/06/1988 - 30/11/1935)

                                                                                          

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